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    4 de novembro de 2009

    África do Sul - Parte IV - Goodbye South Africa

    A nossa jornada pela África, fica por aqui. Com muitas lembranças, agora rumamos para novos objetivos, voltando à nossa realidade diária, que inclui trabalho, estudo, contas à pagar e outras coisas do cotidiano.
    O que fica é o que cada um de nós viveu naquele país. Não importa quantas vezes contemos as histórias que vivemos lá, só nós saberemos das situações que passamos e das emoções que sentimos. Os momentos bons, os ruins, as superações, as alegrias, enfim.

    Horácio e Liong

    Daqui quatro anos, acontece o próximo Mundial da Goju-Kai, na Índia. Até lá, cabe a cada um de nós trabalhar duro dia após dia, na fila do banco, na cadeira da escola, no ponto de ônibus, nunca nos esquecendo desta história vivida na África. Só assim, posso dizer que todos estaremos juntos novamente na Índia em 2010.
    O Mundial de 2013 já começou.

    Chegada

    Na lembrança levarei aqueles, que estiveram num nível acima do meu. Para quando acordar às quartas-feiras, 5 da manhã, para correr, me lembrar, que a minha corrida, é a corrida pelo topo do mundo e que todo sacrifício é válido.
    Muito obrigado à todos que me apoiaram. Começando pela família e os amigos próximos, Mãe,Pai, Simone, Melissa, César, Kiyomi, Camila, Yumi, Rafa, Felipe, Beta, à galera que comprou as camisetas. Ao pessoal do Karate, Allan, Valério, Gabi, Marco... Ao pessoal que viajou junto, Akira, Bruno, Cláudia, Phil, Vic, Vini e Wand. O apoio de vocês todos foi essencial. Se não citei alguém, não se preocupem, sou grato à todos sem exceção ! !

    Para quem quiser ver as fotos, visite o nosso Flick do Projeto Sekai Dreams, para quem quiser ver os vídeos, vá para canal do Youtube do Projeto Sekai Dreams e já que se deu o trabalho de ler até aqui, não deixe também de visitar o nosso site do projeto.

    Bom, é isso. Até o próximo post !!

    Goodbye South Africa !!!!

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    3 de novembro de 2009

    África do Sul - Parte III - 17 anos -

    O tempo tem a sua maestria. O que me levou 17 anos para conseguir, também levou 17 anos para o meu irmão. Aquele dia que pela primeira vez eu vesti um Karate-Gi e amarrei uma faixa, foi o início dessa nossa jornada como os irmãos Saito do Karate.
    Os irmão Saito. Que no terceiro dia de competição disputariam o Bunkai-Kata. Modalidade que ao meu modo de ver, juntamente com o Jyu-Kumite, é a maior representação tradicional da Yamaguchi Goju-Kai.

    Durante esses 17 anos, eu lembro de ter crescido vendo atletas que hoje são lendas dentro da Goju-Kai e ouvido diversas histórias sobre confrontos épicos entre esses caras que para mim, eram como os "Pelés" do Karate. Ver e ouvir essas histórias, fez com que crescesse sempre querendo ser como eles um dia. E hoje, alguns anos mais velho eu me vejo competindo e transitando pelas mesmas estradas que esses "Pelés". Competir no mesmo palco em que eles brilharam um dia, sem dúvida, é um sonho de criança realizado.

    Bellville Velodrome

    Um desses Pelés, é um suiço. Chamado Horst Baumgürtel. Suiço, que na minha infância, estava radicado no Japão, onde lá fez muita história dentro da Goju-Kai, entre duelos épicos contra outra lenda, Masatoshi Yamaguchi, como o sobrenome mesmo diz, um dos Yamaguchi.

    O tempo que passa para mim, também foi o tempo que passou para o Horst. Ele estava lá. E com os seus 46 anos, no Kata individual, aos meus olhos já não é nem sombra daquilo que eu vi quando criança. Porém, ninguém passa 17 anos em vão e vai para um campeonato mundial. Assim, junto com o seu parceiro, Horst venceu os japoneses na final do Bunkai-Kata. Encerrando assim, a sua caminhada e também a sua lenda dentro da Goju-Kai Mundial.

    As lendas japonesas já estavam aposentadas. Masatoshi Yamaguchi, Akihiro Saito, Kamogawa, hoje, todos técnicos da seleção Japonesa.

    17 anos se passaram desde o primeiro soco. Para o meu irmão, acredito que tenha sido 17 anos, investido num parceiro. Após esses 17 anos, é realmente isso que somos. Parceiros. O tempo das lendas se foi, hoje, é o nosso tempo.

    Chegamos no ginásio por volta das 7 horas da manhã. Assim que entramos, já fomos para a área de aquecimento, onde permanecemos até a chamada da nossa categoria. Em momento algum nos distraímos ou perdemos o foco daquilo que iríamos fazer. Repetimos quantas vezes fossem necessárias, para que tudo saísse como nós planejamos.

    Como disse no outro post, o Brasil estava ausente dos Mundias havia 12 anos. Além da falta de experiência naquele tipo de competição, também contava um rótulo que caia sobre nós: Os Desconhecidos.

    Na semi-final, enfrentamos os Japoneses. Ainda garotos, com no máximo 20 anos de idade. No dia anterior, nós os vimos na área de aquecimento, repassando os Bunkais. Fomos lá também, aquecer do lado deles. A estratégia era fazer forte para intimidar e dar-lhes o nosso cartão de visita: Cuidado com os desconhecidos.

    Funcionou. A apresentação deles foi nitidamente insegura, onde claramente dava para ver que eles estavam travados. Porém, ninguém sentado naquela cadeira de arbitragem quer o Japão fora da final. Ainda mais quando, os adversários ali, são Os Desconhecidos, que ninguém sabe de onde surgiram. O Resultado, 4 a 1 para eles. Isso mostra o momento lúcido de uma pessoa imparcial e outras quatro, que preferiram o voto caseiro. Mas tudo bem, eles nos levaram para a disputa de terceiro.

    Na disputa pela medalha de bronze, enfrentamos a Itália. Que ao contrário da tradição WKF, não se mostra tão forte assim dentro da Goju-Kai. Alinhados com a faixa azul, eu lembro que eu só pedia à Deus, para que eu pudesse fazer o que eu sei. Olhei para o nome "Konomoto Takashi" escrito na minha faixa e tive certeza, de que nós não perderíamos daqueles caras.

    Execução certeira, tranquila, centrada. Melhor, acho que não seria possível. Tudo dentro do que nós poderíamos oferecer de melhor. O Resultado ? O vídeo conta melhor como foi:



    Bunkai Kata

    Premação Bunkai Kata


    Enfim, o nosso nome rodando pelo mundo. Enfim, o nome do Sensei Konomoto estando num lugar entre as tantas histórias da Goju-Kai. Konomoto Takashi, é o que levo na minha faixa, pelo Brasil e agora pelo mundo. Essa conquista é desse nome, de sua história. A conquista de uma escola, Shizuoka Goju-Kan.

    Honor

    Bunkai Kata
    Após Choradeira =D

    Continua...

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    2 de novembro de 2009

    África do Sul - Parte II - Perdendo e Aprendedo -

    Com mais calma, pretendo contar aqui a incrível experiência que foi competir na África do Sul. Mas antes de tudo, eu gostaria de lembrar, que ninguém, nem mesmo o mais talentoso de todos os seres da face da terra, consegue chegar a algum lugar sozinho. Por isso, antes de tudo eu agradeço à aqueles que me ensinaram. Konomoto sensei, Nagatani sensei, e o meu irmão Akira Saito. Sem estas pessoas, não existiria campeonato, faixa, kimono ou qualquer outra coisa relacionada ao Karate.
    Muitos atletas, se esquecem da importância de ser grato à aqueles que cuidaram do seu crescimento. Como eu não sou como estas pessoas, sei do meu lugar e sou eternamente grato às minhas raízes. Senseis, muito obrigado por tudo.

    No primeiro dia, tivemos a cerimônia de abertura e as competições infantis. Fiquei orgulhoso ao ver dois alunos meus brigarem por medalha. O Vinícius ficou em Terceiro e a Victória, que perdeu por pouco e acabou em quinto (são dois terceiros). Valeu garotos !!


    Cerimônia de Abertura


    O Primeiro Dia

    Como faziam "apenas" 12 anos que a Goju-Kai do Brasil estava ausente dos mundiais por questões políticas (pra variar), nós chegamos lá exatamente como já imaginávamos desde o começo. Ninguém esperava nada de nós.
    Na noite anterior à nossa competição (segundo dia), no Hotel após o nosso último treino, eu pensava comigo " amanhã, eu vou surpreender".

    Lord Give a Sign

    Na área de aquecimento, eu vi os Indonésios e eles eram bons. Intimidado ? Claro que não, fui fazer ali na frente de um deles, para mostrar que eu não saí do Brasil à toa. Ciente de que corrida por fora, eu fiz o que pude para subir até o topo. Primeira rodada, 3 à 0, segunda 2 à 1. Infelizmente, nas quartas de final, eu vi que era o fim da linha. Cruzei com um dos Indonésios e sendo bem sincero agora que já passou a competição, ele tinha mais recursos técnicos que eu. Este atleta perdeu na semi-final e assim também se foi a minha chance do Bronze. De qualquer forma, se eu passasse para a semi-final ou se fosse para a disputa de terceiro, não creio que eu venceria. Já que nas duas hipóteses pegeria outro dos Indonésios (pragas), que também de fato, tinha mais a oferecer do que eu. Em resumo, acho que pode-se dizer que fui até onde dava.




    Perdendo e aprendendo. Os quatro primeiros colocados da categoria, eram superiores a mim. Sendo três Indonésios (pasmem) e um Iraniano (que já fez final com Abe, Milon e Valdesi). Eu me senti frustrado, porque acreditei que era possível, ao me deparar com esses caras, eu vi que a realidade não era bem a que eu imaginava. Comparado à eles, ainda estou um nível abaixo. Porém, há tempos, eu não tinha uma derrota tão motivadora, que mostrasse as possibilidades que ainda tenho pela frente. Fico feliz de ter dado o meu melhor. Foi bom ver aqueles caras, melhores do que eu. Com certeza isso vai me levar à outro nível e daqui a quatro anos, eu estarei no meu devido lugar. O topo.

    Entre Japoneses, Indonésios e Iranianos, no primeiro dia de competição dos adultos, nós nada conseguimos. Porém, eu considero em aprendizado, esse o dia mais importante de todos. Deus sabe o que faz. E o nosso, ainda estava guardado.

    Continua...

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